Mulher assustada olhando para o notebook

“1 em cada 5 histerectomias são desnecessárias” – afirma estudo

Nos Estados Unidos, a histerectomia é a segunda cirurgia mais realizada entre as mulheres, estando atrás apenas da cesariana. Cerca de 1 em 3 mulheres será submetida a histerectomia até os 60 anos de idade. Mas, segundo um novo estudo, 1 em cada 5 mulheres nos Estados Unidos pode ter sido submetida a retirada do útero desnecessariamente. Miomas uterinos, sangramento uterino anormal e endometriose são cerca de 68% das cirurgias para retirada do útero por doenças benignas. Apesar das taxas de histerectomia terem tido uma redução de 36,4% entre 2003 e 2010, ainda são realizadas anualmente mais de 400.000 histerectomias nos EUA.

No entanto, as adequações das indicações da histerectomia é uma preocupação cada vez maior no meio médico. Tanto que “guidelines” (diretrizes) do American College of Obstetricians and Gynecologists afirmam que os ginecologistas devem recomendar as pacientes com doenças benignas do útero tratamentos alternativos antes de serem submetidas a uma histerectomia.

O estudo publicado no American Journal of Obstetrics and Gynecology pelo Dr. Morgan e colaboradores analisou justamente o uso de tais tratamentos alternativos para mulheres com condições uterinas benignas e se a patologia diagnosticada após a histerectomia justificava o tratamento cirúrgico para retirada do útero.

Ao longo de 10 meses no ano de 2013, os pesquisadores analisaram os prontuários médicos de 3.397 mulheres de 52 hospitais de Michigan que se submeteram a uma histerectomia para doença ginecológica benigna, incluindo miomas uterinos, endometriose, sangramento uterino anormal e dor pélvica.

“Neste estudo foi observado que em quase 40% das mulheres não foram oferecidos tratamentos alternativos antes da histerectomia.”

Além disso, em quase 20% das mulheres, os achados patológicos pós-operatórios não sustentaram a indicação da retirada do útero, indicando que a cirurgia foi totalmente desnecessária.
Menos de 30% das mulheres sofreram algum tratamento antes da histerectomia. E, as mulheres com menos de 40 anos de idade eram mais propensas a receberem um tratamento alternativo.

As mulheres com até 40 anos também foram mais propensas e terem uma histerectomia desnecessária. A retirada do útero foi desnecessária em 37,8% das mulheres com menos de 40 anos, em comparação com 12% das mulheres com idade entre 40 e 50 anos e 7,5% das mulheres acima dos 50 anos de idade.

Os achados deste estudo fornecem evidências de que as alternativas de tratamento que poderiam evitar uma histerectomia em patologias benignas, como os miomas uterinos, são definitivamente subutilizadas. E, justamente as mulheres em período fértil são as que mais sofrem por terem tido seu útero retirado desnecessariamente.

Então, para reverter estes dados cabe a nós médicos a devida capacitação para oferecermos as nossas pacientes todas as alternativas de tratamento SEM a retirada do útero sempre que possível. E cabe a vocês, pacientes, se informarem e exigirem dos seus médicos estes tratamentos, quando cabíveis ao seu caso.

Referência: Use of other treatments before hysterectomy for benign conditions in a statewide hospital collaborative, Daniel Morgan, et al., A J Obstet Gynecol, DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.ajog.2014.11.031, published online 23 December 2014, abstract