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Uma mulher escolhendo roupas para seu bebê

Miomas e Gravidez

Sem dúvida alguma esta é uma das questões mais importantes que lidamos no consultório quando estamos diante de uma paciee com miomas uterinos e que deseja engravidar. Sabemos que inúmeras mulheres engravidam sem maiores dificuldades, apresentam uma gestação absolutamente normal e têm seus filhos sem complicações apesar dos miomas. Além disso, podemos dizer também, que a maioria destas mulheres nunca soube e nunca saberão que tem miomas uterinos.

Mas, quando os miomas interferem, existem maneiras diferentes de este evento acontecer. As principais questões a serem levantadas quando o assunto é miomas e gravidez são:

1. Os miomas dificultam a engravidar?

Sabemos que não são todos os tipos de miomas que podem levar a uma dificuldade para engravidar. Na verdade, a maioria dos miomas não tem essa característica. Para que essa dificuldade ocorra, os miomas basicamente dificultam o encontro do espermatozoide com o óvulo. Isto pode ocorrer de várias maneiras. Pode ser com um mioma submucoso ou com um ou vários intramurais que distorcem a cavidade uterina ou comprimem as trompas.

2. Os miomas aumentam o risco de abortamento?

A maioria das mulheres que tiveram um abortamento espontâneo nos primeiros três meses de gestação nunca soube que estavam grávidas. Diversas causas podem estar relacionadas a estes abortamentos precoces, sendo a mais comum, alterações genéticas fetais incompatíveis com a vida. No entanto, se os miomas estão presentes, tendemos atribuir as perdas a eles. Mas, para isto, é necessário estabelecer se eles ocupam ou distorcem a cavidade uterina. Estes miomas podem sim levar a um aumento do risco de abortamento espontâneo no primeiro trimestre da gravidez. Perdas gestacionais no segundo e terceiro trimestres da gravidez, por sua vez, estão raramente associados a problemas fetais. Geralmente, podemos atribuir estas perdas a problemas uterinos, dentre eles os miomas.

3. Os miomas podem levar a complicações durante a gravidez e no parto?

Se os miomas não causam infertilidade ou abortamentos, eles podem levar a um aumento das complicações durante a gravidez. Os miomas possuem receptores para os hormônios produzidos durante a gestação. Por este motivo, quase sempre podemos observar o crescimento dos miomas durante a gravidez. Esse crescimento é variável e dependente de diversos fatores, como vascularização e localização dos miomas.

Os miomas durante a gravidez podem sofrer o que chamamos de auto embolização. Esta auto embolização ocorre quando o mioma cresce mais do que sua capacidade de receber sangue para sua própria nutrição. Com isso, o mioma começa entrar em infarto, ou seja, o mioma literalmente morre. Por este motivo, a dor é mais frequente do que em pacientes grávidas sem miomas, ocorrendo em até 15% das gestantes com miomas. Os miomas também podem aumentar a incidência de partos prematuros, ocorrendo em até 20% das pacientes. Estes dois eventos ocorrem mais quando os miomas crescem significativamente de tamanho e quando os miomas se localizam próximos à placenta.

Esta localização dos miomas próximos à placenta também aumenta consideravelmente a incidência de descolamento prematuro de placenta. A incidência de descolamento prematuro de placenta pode chegar até 60% em miomas com esta localização, contra 2,5% para miomas em localizações diferentes. Em gestantes com miomas, o risco de sangramento no primeiro trimestre é duas vezes maior. O risco de apresentação pélvica é quatro vezes maior. O risco de contrações uterinas ineficazes no momento do parto é duas vezes maior e o risco de cesariana é seis vezes maior. Não existem evidências que o crescimento fetal intra-uterino seja afetado.

4. Se os miomas forem tratados, quais as consequências deste tratamento para a fertilidade e para uma futura gravidez?

Apesar do risco de infertilidade, de abortamentos e de complicações durante a gravidez, não existem evidências de que os miomas devam sempre ser tratados em mulheres que desejam engravidar. As complicações dos tratamentos e seus efeitos colaterais também devem ser levados em consideração na relação risco-benefício quando estamos diante de um caso destes.

As evidências científicas demonstram ser a miomectomia (retirada cirúrgica do mioma) o padrão ouro para mulheres que possuem miomas, desejam engravidar e necessitam de tratamento. No entanto, as miomectomias por laparotomia e laparoscopia estão relacionadas a uma incidência elevada de formação de aderências pélvicas. Estas aderências podem levar não só a dor, mas também a distorções anatômicas da pelve, bloqueando as trompas, levando à infertilidade. Além disso, essas miomectomias, quando não são realizadas com suturas uterinas adequadas, aumentam o risco de ruptura, devido à fragilidade que causam a parede uterina. A ruptura uterina está associada a um alto índice de morte fetal. Já a miomectomia videohisteroscópica não está relacionada a um aumento da incidência de ruptura uterina. Diversos estudos não demonstraram impacto na infertilidade deste tipo de miomectomia. Embora sinéquias uterinas (aderências intrauterinas) possam ocorrem após uma miomectomia por videohisteroscopia, elas podem ser facilmente desfeitas, restabelecendo a anatomia da cavidade uterina.

Na década de 90, a embolização surgiu como um método alternativo e promissor no tratamento dos miomas uterinos. De fato, a embolização dos miomas uterinos é um dos tratamentos com menor índice de complicações e com índice de sucesso bastante satisfatório. No entanto, não devemos ignorar o possível impacto que ela pode ter na fertilidade da mulher com miomas. Apesar da evolução da técnica e da sofisticação dos materiais utilizados ter diminuído significativamente os riscos, a embolização também pode trazer consequências negativas na fertilidade da mulher. A disfunção ovariana, temporária ou não, levando a amenorreia (parada da menstruação) pode ocorrer em 5% a 8% dos casos. Isto pode ocorrer por dois motivos. Primeiro pela radiação que os ovários recebem durante o procedimento (por se tratar do uso de imagens geradas por um equipamento de radiologia digital, com emissão de raios-X), segundo pela possibilidade de embolização dos vasos responsáveis pela vascularização dos ovários. Além disso, existe a possibilidade, mesmo que remota, de embolização total ou parcial do endométrio, com comprometimento da vascularização deste, dificultando o preparo deste endométrio para a implantação do ovo fecundado ou até mesmo aumentando as chances de desenvolver uma placenta acreta, ou seja, quando a placenta está intimamente aderida à parede do útero, dificultando seu desprendimento após a saída do recém-nato. Felizmente, o aprimoramento da técnica, o uso de materiais cada vez mais modernos e a existência de equipes cada vez mais experientes estão diminuindo consideravelmente a incidência destas complicações.

Por fim, a ablação dos miomas por ultrassom focalizado guiado por ressonância magnética (MRgFUS) tem se mostrado um método bastante eficaz no tratamento dos miomas sintomáticos, principalmente os que estão relacionados à infertilidade. A grande vantagem deste tratamento está em possuir um índice baixíssimo de complicações. Apesar de já existirem relatos de gestações após o tratamento com MRgFUS, muitos estudos ainda são necessários para classificar este tratamento totalmente seguro para mulheres que desejam engravidar. Mas, evidências têm sugerido que, muito em breve, a ablação dos miomas por ultrassom focalizado poderá ser eleita como mais uma alternativa para o tratamento dos miomas em mulheres que desejam engravidar.

Em pacientes sintomáticas, decidir pelo tratamento dos miomas não é difícil. Mas, muitas vezes, decidir qual tratamento é o mais adequado pode ser algo muito delicado. O desejo de gravidez deve sempre ser respeitado. Já em pacientes assintomáticas, a decisão por realizar o tratamento dos miomas pode ser bastante complexa. Por este motivo, devemos sempre pensar na relação risco-benefício de realizar ou não o tratamento e da relação risco-benefício do tratamento proposto, não se esquecendo de sempre estarmos respaldados pelas evidências científicas e na experiência da equipe que executará o tratamento.

Corpo humano: Fígado

Fígado: um grande aliado no combate ao mioma

O mioma é um problema que causa muita preocupação nas mulheres, especialmente naquelas que ainda desejam realizar o sonho de ser mãe, pois alguns tratamentos para este tumor benigno são invasivos, podem ser inadequados e até mesmo podem levar a retirada do útero da paciente, se não acompanhados e conduzidos adequadamente por médicos especializados e experientes.

Embora as causas dos miomas não sejam completamente conhecidas, mudanças comportamentais e de hábitos alimentares comprovadamente ajudam a combatê-los. Ter uma alimentação balanceada, livre de gorduras, principalmente aquelas presentes em comida processada; ter uma rotina semanal de exercícios físicos para a manutenção do peso e combater o stress; e ter hábitos que não prejudique sua saúde, como fumar e beber em excesso, são algumas medidas adjuvantes ao tratamento dos miomas.

Sabe-se que o acentuado desequilíbrio nos níveis de estrogênio no corpo feminino, que pode ser motivado por diversas razões como a gravidez ou o uso de anticoncepcional, aumenta a possibilidade do rápido crescimento do mioma. O ganho de peso, com ingestão de gordura saturada, também é um perigo quando o assunto é mioma, já que a gordura periférica, principalmente aquela depositada no abdome, quadril e coxas, produz e armazena estrogênio.

Nesse sentido, o fígado é talvez o órgão de maior importância no combate ao mioma, pois ele é ao mesmo tempo o responsável por metabolizar as gorduras ingeridas na alimentação, e pela metabolização e eliminação do estrogênio do corpo – como já foi dito, dois dos fatores fundamentais para o desenvolvimento do mioma. Portanto, um fígado saudável remove o excesso de hormônios e toxinas do corpo, sendo por isso essencial que a mulher o trate com muito cuidado, através de uma dieta apropriada.

A dieta tem que eliminar completamente gorduras encontradas em carnes vermelhas, embutidos (por exemplo: salsicha, linguiça, salame e mortadela) e produtos lácteos, e aumentar o consumo de fibras encontradas em frutas, legumes, verduras e cereais, assim menos gordura ingerida, será menos gordura absorvida pelo intestino. Portanto, o fígado será menos sobrecarregado na metabolização das gorduras e se ocupará com mais intensidade do processamento do estrogênio. A cafeína, por exemplo, pode influenciar na produção e no equilíbrio hormonal por interferir na capacidade do organismo de utilizar as prostaglandinas, que são essenciais na produção dos hormônios. Além disso, a cafeína também compromete a capacidade do fígado de metabolizar o estrogênio, promovendo um desequilíbrio hormonal ainda mais evidente. O álcool também é especialmente perigoso, já que sobrecarrega o funcionamento do fígado, prejudicando a metabolização dos hormônios. Alimentos como alcachofra, alguns chás, e outros ricos em vitamina B6 são recomendados já que ajudam o fígado a trabalhar melhor.

Ou seja, o fígado é um aliado indispensável adjuvante no tratamento dos miomas; se bem cuidado, seguindo todas as recomendações médicas, não sobrecarregando seu funcionamento com o aumento da ingestão de alimentos indesejáveis, ele pode ajudar a estabilizar o tamanho do mioma ou até mesmo diminuir as chances de novos miomas surgirem após tratamentos que preservem o útero, como a miomectomia e a embolização dos miomas.

Mulher estressada na frente do computador

A influência do estresse no tratamento dos miomas

Muitas pesquisas comprovam cientificamente que o seu modo de vida determina malefícios e benefícios relacionados à sua saúde. Com o mioma, doença cuja causa ainda não é totalmente conhecida e com ocorrência em mais de 80% das mulheres em idade fértil, não é diferente.

Alimentação, boa ou má, atividade física frequente ou não, e o nível de estresse são elementos que podem atuar positiva ou negativamente na vida da mulher, inclusive no surgimento e crescimento dos miomas. O último destes elementos citados, o estresse, é um fator que pode influenciar bastante a prevenção ou o desenvolvimento dos miomas e seus sintomas.

Hoje todos estão sob efeito de diferentes tipos de estresse e por isso, é extremamente importante tomar providências para amenizar causas e efeitos do estresse. Praticar atividades físicas variadas, alimentação regulada e atitudes que aliviem o estresse, por exemplo, são medidas que aumentam muito a qualidade de vida, prevenindo ou auxiliando no tratamento de doenças como o mioma.

Miomas x Estresse

Ainda que nenhuma pesquisa tenha demonstrado factualmente que o estresse seja uma das causas do surgimento do mioma, outras tantas o apontam como um fator de risco associado para mulheres com a doença. Os efeitos do estresse na vida das mulheres ainda estão sendo estudados; os médicos especializados, contudo, são categóricos ao afirmar que o estresse aumenta significativamente os níveis do fator de crescimento tumoral, uma substância produzida pelo nosso organismo capaz de fazerem os miomas crescerem com maior rapidez. Assim, quando estão sob fatores de estresse severos, como perda de um ente querido, separações, casos de doença grave na família, demissões ou emprego novo, mulheres com miomas podem surpreender-se com crescimento rápido de seus miomas.

O estresse pode intensificar a dor ou tensão muscular, que, por sua vez, pode se acumular em áreas como a região lombar, pélvis, ombros e braços, causando fadiga generalizada e dor de cabeça. A redução do estresse atenua esses sintomas, e, mais ainda, ajuda a normalizar o momento de liberação dos hormônios da mulher, já que, quando em níveis altos, ele pode atuar quimicamente nas suas glândulas, interferindo negativamente no seu ciclo menstrual.

É verdade que não se pode controlar a ocorrência de sangramento ou dor quando os miomas já estão alojados no útero, mas se pode ter a capacidade de instituir mudanças de estilo de vida que atuem na redução do nível de estresse na sua vida, o que certamente irá controlar esses sintomas ou até mesmo preveni-los.

Mulher com cólicas abdominais

Como identificar um mioma?

Também conhecido como fibroma ou leiomioma uterino, um mioma é um desenvolvimento anômalo das células que ocorre a partir do tecido muscular liso do útero, configurando uma massa sólida. O mioma é um tumor benigno, que não apresenta vinculo direto com o risco aumentado de desenvolver um câncer no útero.

Muito discreto e silencioso, o mioma pode não causar nenhum tipo de sinal ou sintoma, considerando que aproximadamente 70% a 80% das mulheres que enfrentam esse tipo de problema não possuem indicadores de tal formação. Porém, alguns dos detalhes mais simples podem ser fatores que levem a identificar a presença de miomas no útero.

Para prestar atenção em seu organismo e entender sobre os sintomas que podem indicar miomas, confira um pouco mais sobre o assunto e descubra quando você deve ou não se preocupar com o problema, redobrando sua atenção sobre as sensações de seu organismo e o risco de encontrar transtornos maiores.

Quais são os sintomas mais comuns do mioma?

Para identificar a presença de miomas, os primeiros sintomas a serem levados em consideração são o sangramento menstrual excessivo, aumento das cólicas menstruais e a sensação de peso em baixo do ventre, que também pode desencadear um aumento de frequência urinária e o aumento do volume abdominal.
No sangramento vaginal abundante, que ocorre principalmente na época menstrual, o hiperfluxo trará a saída de coágulos, considerando que pode acontecer também fora da menstruação ou por períodos prolongados. Os problemas de peso no ventre derivam da compressão da bexiga e do intestino, pois com o crescimento dos miomas, os limites da pelve são extrapolados e o aumento do volume abdominal é uma consequência evidente.

A dor pélvica, por sua vez, pode acontecer também durante o ato sexual. A dor pode ocorrer na região lombar e irradiar para o baixo ventre. Essas dores pélvicas podem ser representadas por cólicas, pontadas ou queimação, e podem estar relacionados à própria menstruação excessiva.

O sangramento por períodos prolongados, chamado de metrorragia, pode levar a anemia se não for identificado e tratado com antecedência.

Quais os problemas que o mioma pode acarretar à fertilidade da mulher?

O surgimento de miomas pode causar não apenas uma dificuldade para engravidar como também problemas na manutenção da gravidez.

Os miomas submucosos são os mais prejudiciais: Localizados na cavidade uterina, eles podem atrapalhar o acesso de espermatozoides às trompas, impedindo, consequentemente, a chegada dos mesmos ao óvulo, dificultando a implantação de embriões na cavidade uterina e a consequente gestação.

Os miomas intramurais e transmurais também podem causar infertilidade, pois graças à sua localização e seu volume elevado, eles podem distorcer a cavidade uterina e acabar provocando uma compressão elevada sobre as trompas, dificultando de forma mecânica o encontro dos espermatozoides com óvulos e a implantação de embriões para garantir a gestação.

Os miomas intramurais e transmurais que levam a infertilidade são, em geral, maiores do que cinco centímetros de diâmetro.

Para minimizar os riscos, é essencial consultar um médico especialista e esclarecer suas duvidas sobre a possibilidade de engravidar frente aos problemas encontrados com miomas de qualquer tipo e tamanho em seu útero.

Frutas

Os vilões da alimentação no combate aos miomas

A medicina ainda não descobriu a causa exata dos miomas uterinos. No entanto, estudos científicos sugerem que fatores comportamentais possam predispor ao aparecimento e crescimento dos miomas.

Sabemos a importância que a alimentação tem em nossas vidas e a capacidade que ela tem em influenciar no desenvolvimento de diversas doenças. Em relação aos miomas diversos estudos se propõem a comprovar associações entre a dieta e risco para o mioma uterino.
O pão branco é um dos vilões no combate aos miomas.Um estudo publicado no American Journal of Clinical Nutrition sugere que mulheres que baseiam sua alimentação em índices glicêmicos elevados possuem um maior risco ao aparecimento dos miomas uterinos. Bebidas açucaradas, doces em geral, pão branco e arroz branco são alimentos com altos índices glicêmicos e podem levar a picos de açúcar no sangue e níveis de insulina mais elevados, que estão relacionados a outros hormônios que estimulam o crescimento dos miomas uterinos.

Este estudo também relatou a evidência de que mulheres que comem muita carne, presunto e outras carnes vermelhas estão mais propensas aos miomas, enquanto as que possuem uma dieta rica em peixes, verduras e frutas parecem diminuir este risco. As mulheres que comem pelo menos duas porções de frutas por dia estavam menos propensas e ter miomas. O estudo acrescenta que os antioxidantes presentes na fruta podem diminuir o risco de se ter miomas.

Enquanto os investigadores continuam em busca da causa definitiva e das técnicas possíveis na prevenção dos miomas, é altamente recomendado às mulheres a prática de exercícios físicos preferencialmente ao ar livre, uma alimentação balanceada e consultas periódicas ao ginecologista.

Mulher grávida deitada na cama navegando na internet

Gravidez e Mioma: mais uma palestra esclarecedora do Dr. Michel Zelaquett

Dia 20 de Maio/15, O Centro de Mioma organizou mais uma palestra online gratuita com o Dr. Michel Zelaquett. O objetivo foi esclarecer as principais dúvidas das mulheres que sofrem ou sofreram de mioma e gostariam de engravidar.

Foram abordados os seguintes assuntos:

  • Quando os miomas interferem na fertilidade?

  • Tratamento dos miomas em mulheres que desejam gestar: riscos e benefícios

  • Riscos a gestação causados pelos miomas: Como levar uma gravidez adiante tendo miomas. Possibilidades, riscos e cuidados.

  • Ao fim de cada palestra, várias perguntas das participantes são respondidas pelo Dr. Michel Zelaquett.

Assista o vídeo:

Mulher assustada olhando para o notebook

“1 em cada 5 histerectomias são desnecessárias” – afirma estudo

Nos Estados Unidos, a histerectomia é a segunda cirurgia mais realizada entre as mulheres, estando atrás apenas da cesariana. Cerca de 1 em 3 mulheres será submetida a histerectomia até os 60 anos de idade. Mas, segundo um novo estudo, 1 em cada 5 mulheres nos Estados Unidos pode ter sido submetida a retirada do útero desnecessariamente. Miomas uterinos, sangramento uterino anormal e endometriose são cerca de 68% das cirurgias para retirada do útero por doenças benignas. Apesar das taxas de histerectomia terem tido uma redução de 36,4% entre 2003 e 2010, ainda são realizadas anualmente mais de 400.000 histerectomias nos EUA.

No entanto, as adequações das indicações da histerectomia é uma preocupação cada vez maior no meio médico. Tanto que “guidelines” (diretrizes) do American College of Obstetricians and Gynecologists afirmam que os ginecologistas devem recomendar as pacientes com doenças benignas do útero tratamentos alternativos antes de serem submetidas a uma histerectomia.

O estudo publicado no American Journal of Obstetrics and Gynecology pelo Dr. Morgan e colaboradores analisou justamente o uso de tais tratamentos alternativos para mulheres com condições uterinas benignas e se a patologia diagnosticada após a histerectomia justificava o tratamento cirúrgico para retirada do útero.

Ao longo de 10 meses no ano de 2013, os pesquisadores analisaram os prontuários médicos de 3.397 mulheres de 52 hospitais de Michigan que se submeteram a uma histerectomia para doença ginecológica benigna, incluindo miomas uterinos, endometriose, sangramento uterino anormal e dor pélvica.

“Neste estudo foi observado que em quase 40% das mulheres não foram oferecidos tratamentos alternativos antes da histerectomia.”

Além disso, em quase 20% das mulheres, os achados patológicos pós-operatórios não sustentaram a indicação da retirada do útero, indicando que a cirurgia foi totalmente desnecessária.
Menos de 30% das mulheres sofreram algum tratamento antes da histerectomia. E, as mulheres com menos de 40 anos de idade eram mais propensas a receberem um tratamento alternativo.

As mulheres com até 40 anos também foram mais propensas e terem uma histerectomia desnecessária. A retirada do útero foi desnecessária em 37,8% das mulheres com menos de 40 anos, em comparação com 12% das mulheres com idade entre 40 e 50 anos e 7,5% das mulheres acima dos 50 anos de idade.

Os achados deste estudo fornecem evidências de que as alternativas de tratamento que poderiam evitar uma histerectomia em patologias benignas, como os miomas uterinos, são definitivamente subutilizadas. E, justamente as mulheres em período fértil são as que mais sofrem por terem tido seu útero retirado desnecessariamente.

Então, para reverter estes dados cabe a nós médicos a devida capacitação para oferecermos as nossas pacientes todas as alternativas de tratamento SEM a retirada do útero sempre que possível. E cabe a vocês, pacientes, se informarem e exigirem dos seus médicos estes tratamentos, quando cabíveis ao seu caso.

Referência: Use of other treatments before hysterectomy for benign conditions in a statewide hospital collaborative, Daniel Morgan, et al., A J Obstet Gynecol, DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.ajog.2014.11.031, published online 23 December 2014, abstract

Qual o melhor tratamento para os miomas SEM a retirada do útero?

“Esta pergunta não é incomum. Certamente muitas mulheres já se perguntaram. E, certamente, muitas já perguntaram para seu médico. Na verdade, a resposta certa, apesar de óbvia, poucas vezes é respondida com clareza. Não há tratamento para os miomas uterinos SEM a retirada do útero que seja melhor do que os outros.” Dr. Michel Zelaquett

Aí vem outras perguntas:

E os tão divulgados tratamentos minimamente invasivos, como a embolização dos miomas?
Os novos tratamentos, como o ExAblate, são confiáveis?

E os tratamentos tradicionais, como a miomectomia, ainda são bons?

Todos os tratamentos são bons, seguros, confiáveis e, na grande maioria das vezes, cumprem o principal objetivo: a preservação uterina.
No entanto, a escolha do melhor tratamento depende de 3 fatores principais, são eles:

  1. Os sintomas da paciente.
  2. Os tipos de miomas que a paciente apresenta.
  3. O perfil da paciente.

Para entendermos melhor esta segmentação vejamos abaixo:

O tratamento a ser escolhido deve estar direcionado a melhora dos sintomas que a mulher com mioma apresenta. Ou seja, se é sangramento uterino anormal, o tratamento tem que melhorá-lo. Se é aumento do volume abdominal, o tratamento deve reduzi-lo. Se for aumento da frequência urinária por compressão da bexiga, este sintoma deve ser tratado. E, também, se o sintoma for infertilidade, o tratamento deve estar direcionado a melhora da fertilidade da mulher. Portanto, a escolha do tratamento deve estar condicionada a melhora dos sintomas apresentados, objetivando a melhora da qualidade de vida desta mulher.

Os tipos de miomas apresentados também vão influenciar diretamente na escolha do melhor tratamento. Os tipos de miomas, como apresentado em postagem anterior, podem variar de acordo com a localização, o tamanho, o número de miomas e, principalmente, o componente (conteúdo) do mioma. Um exemplo quanto a localização são os miomas pediculados, que não devem ser tratados pela embolização ou pelo ExAblate, sob o risco de se desprenderem do útero. Outro exemplo de localização são os miomas submucosos (na camada mais interna do útero), quase sempre o melhor tratamento é a miomectomia por videohisteroscopia. Mas se este mioma submucoso for muito grande, em geral acima de 4 centímetros de diâmetro, a miomectomia por videohisteroscopia pode não ser o melhor tratamento. Então, pode ser necessário um tratamento para reduzi-lo antes de retirá-lo. Miomas extremamente grandes (em geral acima de 14 centímetros) podem não ter como uma boa opção os tratamentos para redução do volume, como a embolização ou o ExAblate, visto que estes miomas podem permanecer ainda grandes. Múltiplos miomas (em número acima de 4) podem não ter como boa opção de tratamento o ExAblate ou a miomectomia por videolaparoscopia. Quanto ao conteúdo, miomas não vascularizados ou degenerados não servem para o tratamento através da embolização ou do ExAblate. Miomas muito hidratados também não são bons para o ExAblate. Por estes motivos, a propedêutica de investigação para o tratamento conservador dos miomas uterinos deve passar obrigatoriamente pela ressonância magnética de pelve com contraste. Só a ressonância, diferentemente da ultrassonografia, pode fornecer com certa confiabilidade os dados quanto ao número de miomas, localização e tamanho dos principais miomas e o conteúdo destes miomas, referente a vascularização, celularidade e hidratação do mioma.

Agora a mais importante variável nesta equação que é a escolha do melhor tratamento para os miomas uterinos SEM a retirada do útero. O PERFIL da paciente. Este perfil deve ser definido de maneira única, individual e personalizada. Ou seja, o perfil de uma paciente com miomas é único. Somos pessoas únicas inseridas em um contexto. Cabe a nós médicos investigarmos o contexto em que vocês pacientes estão inseridas. Este contexto é formado por vários fatores como idade, estado civil, renda familiar, prole, desejo de engravidar, trabalho, tipo de trabalho, atividade física etc. Saber deste contexto significa dimensionar o tratamento de acordo com seus desejos e aspirações e de acordo com a importância que você exerce na sua vida familiar, no seu ambiente de trabalho enfim, na sociedade. Então, definitivamente, não devemos tratar uma parte de uma pessoa e sim um indivíduo como um todo inserido na coletividade (sociedade).

Finalmente…para nossa pergunta:

Qual o melhor tratamento para os miomas SEM a retirada do útero?

A resposta:
Depende, do seu médico analisar de maneira criteriosa seus sintomas, os tipos de seus miomas e o seu perfil. Além disso, depende também dele ter disponível todas as opções de tratamento dos miomas uterinos SEM a retirada do útero, para, dentre todas opções, poder escolher o melhor tratamento para o SEU caso.