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Mulher com cólicas abdominais

Como identificar um mioma?

Também conhecido como fibroma ou leiomioma uterino, um mioma é um desenvolvimento anômalo das células que ocorre a partir do tecido muscular liso do útero, configurando uma massa sólida. O mioma é um tumor benigno, que não apresenta vinculo direto com o risco aumentado de desenvolver um câncer no útero.

Muito discreto e silencioso, o mioma pode não causar nenhum tipo de sinal ou sintoma, considerando que aproximadamente 70% a 80% das mulheres que enfrentam esse tipo de problema não possuem indicadores de tal formação. Porém, alguns dos detalhes mais simples podem ser fatores que levem a identificar a presença de miomas no útero.

Para prestar atenção em seu organismo e entender sobre os sintomas que podem indicar miomas, confira um pouco mais sobre o assunto e descubra quando você deve ou não se preocupar com o problema, redobrando sua atenção sobre as sensações de seu organismo e o risco de encontrar transtornos maiores.

Quais são os sintomas mais comuns do mioma?

Para identificar a presença de miomas, os primeiros sintomas a serem levados em consideração são o sangramento menstrual excessivo, aumento das cólicas menstruais e a sensação de peso em baixo do ventre, que também pode desencadear um aumento de frequência urinária e o aumento do volume abdominal.
No sangramento vaginal abundante, que ocorre principalmente na época menstrual, o hiperfluxo trará a saída de coágulos, considerando que pode acontecer também fora da menstruação ou por períodos prolongados. Os problemas de peso no ventre derivam da compressão da bexiga e do intestino, pois com o crescimento dos miomas, os limites da pelve são extrapolados e o aumento do volume abdominal é uma consequência evidente.

A dor pélvica, por sua vez, pode acontecer também durante o ato sexual. A dor pode ocorrer na região lombar e irradiar para o baixo ventre. Essas dores pélvicas podem ser representadas por cólicas, pontadas ou queimação, e podem estar relacionados à própria menstruação excessiva.

O sangramento por períodos prolongados, chamado de metrorragia, pode levar a anemia se não for identificado e tratado com antecedência.

Quais os problemas que o mioma pode acarretar à fertilidade da mulher?

O surgimento de miomas pode causar não apenas uma dificuldade para engravidar como também problemas na manutenção da gravidez.

Os miomas submucosos são os mais prejudiciais: Localizados na cavidade uterina, eles podem atrapalhar o acesso de espermatozoides às trompas, impedindo, consequentemente, a chegada dos mesmos ao óvulo, dificultando a implantação de embriões na cavidade uterina e a consequente gestação.

Os miomas intramurais e transmurais também podem causar infertilidade, pois graças à sua localização e seu volume elevado, eles podem distorcer a cavidade uterina e acabar provocando uma compressão elevada sobre as trompas, dificultando de forma mecânica o encontro dos espermatozoides com óvulos e a implantação de embriões para garantir a gestação.

Os miomas intramurais e transmurais que levam a infertilidade são, em geral, maiores do que cinco centímetros de diâmetro.

Para minimizar os riscos, é essencial consultar um médico especialista e esclarecer suas duvidas sobre a possibilidade de engravidar frente aos problemas encontrados com miomas de qualquer tipo e tamanho em seu útero.

Mulher assustada olhando para o notebook

“1 em cada 5 histerectomias são desnecessárias” – afirma estudo

Nos Estados Unidos, a histerectomia é a segunda cirurgia mais realizada entre as mulheres, estando atrás apenas da cesariana. Cerca de 1 em 3 mulheres será submetida a histerectomia até os 60 anos de idade. Mas, segundo um novo estudo, 1 em cada 5 mulheres nos Estados Unidos pode ter sido submetida a retirada do útero desnecessariamente. Miomas uterinos, sangramento uterino anormal e endometriose são cerca de 68% das cirurgias para retirada do útero por doenças benignas. Apesar das taxas de histerectomia terem tido uma redução de 36,4% entre 2003 e 2010, ainda são realizadas anualmente mais de 400.000 histerectomias nos EUA.

No entanto, as adequações das indicações da histerectomia é uma preocupação cada vez maior no meio médico. Tanto que “guidelines” (diretrizes) do American College of Obstetricians and Gynecologists afirmam que os ginecologistas devem recomendar as pacientes com doenças benignas do útero tratamentos alternativos antes de serem submetidas a uma histerectomia.

O estudo publicado no American Journal of Obstetrics and Gynecology pelo Dr. Morgan e colaboradores analisou justamente o uso de tais tratamentos alternativos para mulheres com condições uterinas benignas e se a patologia diagnosticada após a histerectomia justificava o tratamento cirúrgico para retirada do útero.

Ao longo de 10 meses no ano de 2013, os pesquisadores analisaram os prontuários médicos de 3.397 mulheres de 52 hospitais de Michigan que se submeteram a uma histerectomia para doença ginecológica benigna, incluindo miomas uterinos, endometriose, sangramento uterino anormal e dor pélvica.

“Neste estudo foi observado que em quase 40% das mulheres não foram oferecidos tratamentos alternativos antes da histerectomia.”

Além disso, em quase 20% das mulheres, os achados patológicos pós-operatórios não sustentaram a indicação da retirada do útero, indicando que a cirurgia foi totalmente desnecessária.
Menos de 30% das mulheres sofreram algum tratamento antes da histerectomia. E, as mulheres com menos de 40 anos de idade eram mais propensas a receberem um tratamento alternativo.

As mulheres com até 40 anos também foram mais propensas e terem uma histerectomia desnecessária. A retirada do útero foi desnecessária em 37,8% das mulheres com menos de 40 anos, em comparação com 12% das mulheres com idade entre 40 e 50 anos e 7,5% das mulheres acima dos 50 anos de idade.

Os achados deste estudo fornecem evidências de que as alternativas de tratamento que poderiam evitar uma histerectomia em patologias benignas, como os miomas uterinos, são definitivamente subutilizadas. E, justamente as mulheres em período fértil são as que mais sofrem por terem tido seu útero retirado desnecessariamente.

Então, para reverter estes dados cabe a nós médicos a devida capacitação para oferecermos as nossas pacientes todas as alternativas de tratamento SEM a retirada do útero sempre que possível. E cabe a vocês, pacientes, se informarem e exigirem dos seus médicos estes tratamentos, quando cabíveis ao seu caso.

Referência: Use of other treatments before hysterectomy for benign conditions in a statewide hospital collaborative, Daniel Morgan, et al., A J Obstet Gynecol, DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.ajog.2014.11.031, published online 23 December 2014, abstract

Mioma pode causar infertilidade?

Mioma pode causar infertilidade?

Apesar de em sua grande maioria os miomas não afetarem potencialmente a capacidade reprodutiva feminina em alguns casos podem interferir de forma bastante agressiva na gravidez provocando a diminuição da fertilidade das mulheres em até 70%.

Quando houver o diagnóstico confirmado de infertilidade causado por miomatose, deve-se procurar escolher de forma sábia o tratamento mais adequado, sem que o tratamento agrave ainda mais esse problema.
O ideal é que a paciente possa contar com um atendimento atencioso e um tratamento humanizado por parte de especialistas capacitados e habituados ao tratamento dos miomas.

Em que quadros os miomas causam infertilidade?

Esse fator depende diretamente do tipo de mioma e onde ele se localiza no corpo do útero. Existem 3 tipos mais comuns de fibroma ou fibromioma (miomas) que afetam as mulheres nas mais diversas faixas etárias e de forma mais comum durante a fase reprodutiva feminina.São classificados quanto à localização: mioma subseroso; mioma intramural; mioma submucoso.

Destes miomas derivam-se outros miomas:

  • Mioma pediculado: é um mioma subseroso ligado ao útero por uma haste, um pedículo.
  • Mioma intraligamentar: Desenvolve-se nos ligamentos que conectam o útero a pelve.
  • Mioma em parturição: situado no canal cervical ou até mesmo no canal vaginal.

Em um estudo recente realizado pelo departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Universidade de Auckland na Nova Zelândia em 22 casos de miomatose, constatou-se que as mulheres com miomas subserosos não apresentaram quadro de infertilidade.
No entanto, as mulheres com miomas submucosos (com ou sem miomas intramurais) e miomas intramurais apresentaram diminuição da fertilidade e até mesmo a perda total da capacidade de concluir uma gravidez com êxito.

Os quadros em que o mioma pode causar infertilidade são:

Quando ocorre a presença de miomas intramurais que dada à sua localização na parede uterina distorcem a cavidade do útero e causam a infertilidade. Em alguns casos esses miomas localizam-se bem próximos da implantação placentária, aumentando o risco de descolamento de placenta na gravidez.

Na ocorrência de miomas submucosos que podem ocupar a cavidade uterina, lugar onde o feto se desenvolve, causando abortos de repetição e partos prematuros.

Na ocorrência de miomas submucosos que se desenvolvem nas proximidades do orifício tubário, causando obstrução do mesmo, impedindo a chegada dos espermatozoides às trompas, onde acontece a fecundação do óvulo.

Mioma intraligamentar localizado próximos as trompas, causando obstrução das mesmas.

Mioma em Parturição, também chamado de mioma parido, trata-se de um mioma originalmente submucoso, levando a dificuldade de engravidar ou até mesmo de manter uma gravidez.

Como este quadro pode ser diagnosticado?

  • Fluxo menstrual excessivo;
  • Dores intensas na região pélvica, tipo cólicas ou tipo peso em baixo ventre;
  • Aumento do volume abdominal;
  • Aumento da frequência urinária;
  • Dores durante o ato sexual;
  • Dificuldades para engravidar.

Qual o melhor tratamento para os miomas SEM a retirada do útero?

“Esta pergunta não é incomum. Certamente muitas mulheres já se perguntaram. E, certamente, muitas já perguntaram para seu médico. Na verdade, a resposta certa, apesar de óbvia, poucas vezes é respondida com clareza. Não há tratamento para os miomas uterinos SEM a retirada do útero que seja melhor do que os outros.” Dr. Michel Zelaquett

Aí vem outras perguntas:

E os tão divulgados tratamentos minimamente invasivos, como a embolização dos miomas?
Os novos tratamentos, como o ExAblate, são confiáveis?

E os tratamentos tradicionais, como a miomectomia, ainda são bons?

Todos os tratamentos são bons, seguros, confiáveis e, na grande maioria das vezes, cumprem o principal objetivo: a preservação uterina.
No entanto, a escolha do melhor tratamento depende de 3 fatores principais, são eles:

  1. Os sintomas da paciente.
  2. Os tipos de miomas que a paciente apresenta.
  3. O perfil da paciente.

Para entendermos melhor esta segmentação vejamos abaixo:

O tratamento a ser escolhido deve estar direcionado a melhora dos sintomas que a mulher com mioma apresenta. Ou seja, se é sangramento uterino anormal, o tratamento tem que melhorá-lo. Se é aumento do volume abdominal, o tratamento deve reduzi-lo. Se for aumento da frequência urinária por compressão da bexiga, este sintoma deve ser tratado. E, também, se o sintoma for infertilidade, o tratamento deve estar direcionado a melhora da fertilidade da mulher. Portanto, a escolha do tratamento deve estar condicionada a melhora dos sintomas apresentados, objetivando a melhora da qualidade de vida desta mulher.

Os tipos de miomas apresentados também vão influenciar diretamente na escolha do melhor tratamento. Os tipos de miomas, como apresentado em postagem anterior, podem variar de acordo com a localização, o tamanho, o número de miomas e, principalmente, o componente (conteúdo) do mioma. Um exemplo quanto a localização são os miomas pediculados, que não devem ser tratados pela embolização ou pelo ExAblate, sob o risco de se desprenderem do útero. Outro exemplo de localização são os miomas submucosos (na camada mais interna do útero), quase sempre o melhor tratamento é a miomectomia por videohisteroscopia. Mas se este mioma submucoso for muito grande, em geral acima de 4 centímetros de diâmetro, a miomectomia por videohisteroscopia pode não ser o melhor tratamento. Então, pode ser necessário um tratamento para reduzi-lo antes de retirá-lo. Miomas extremamente grandes (em geral acima de 14 centímetros) podem não ter como uma boa opção os tratamentos para redução do volume, como a embolização ou o ExAblate, visto que estes miomas podem permanecer ainda grandes. Múltiplos miomas (em número acima de 4) podem não ter como boa opção de tratamento o ExAblate ou a miomectomia por videolaparoscopia. Quanto ao conteúdo, miomas não vascularizados ou degenerados não servem para o tratamento através da embolização ou do ExAblate. Miomas muito hidratados também não são bons para o ExAblate. Por estes motivos, a propedêutica de investigação para o tratamento conservador dos miomas uterinos deve passar obrigatoriamente pela ressonância magnética de pelve com contraste. Só a ressonância, diferentemente da ultrassonografia, pode fornecer com certa confiabilidade os dados quanto ao número de miomas, localização e tamanho dos principais miomas e o conteúdo destes miomas, referente a vascularização, celularidade e hidratação do mioma.

Agora a mais importante variável nesta equação que é a escolha do melhor tratamento para os miomas uterinos SEM a retirada do útero. O PERFIL da paciente. Este perfil deve ser definido de maneira única, individual e personalizada. Ou seja, o perfil de uma paciente com miomas é único. Somos pessoas únicas inseridas em um contexto. Cabe a nós médicos investigarmos o contexto em que vocês pacientes estão inseridas. Este contexto é formado por vários fatores como idade, estado civil, renda familiar, prole, desejo de engravidar, trabalho, tipo de trabalho, atividade física etc. Saber deste contexto significa dimensionar o tratamento de acordo com seus desejos e aspirações e de acordo com a importância que você exerce na sua vida familiar, no seu ambiente de trabalho enfim, na sociedade. Então, definitivamente, não devemos tratar uma parte de uma pessoa e sim um indivíduo como um todo inserido na coletividade (sociedade).

Finalmente…para nossa pergunta:

Qual o melhor tratamento para os miomas SEM a retirada do útero?

A resposta:
Depende, do seu médico analisar de maneira criteriosa seus sintomas, os tipos de seus miomas e o seu perfil. Além disso, depende também dele ter disponível todas as opções de tratamento dos miomas uterinos SEM a retirada do útero, para, dentre todas opções, poder escolher o melhor tratamento para o SEU caso.