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Barriga Feminina

Miomas: quando não tratar?

Sabemos que os miomas acometem até 80% das mulheres na idade fértil. No entanto, apenas cerca de 30% deste percentual apresentam sintomas que necessitam de tratamento.

A pergunta nem sempre é quando tratar os miomas, mas quando não tratar?

A necessidade de responder esta pergunta me ocorreu principalmente após receber cada vez mais em meu consultório mulheres com múltiplos e volumosos miomas em que o ginecologista apenas indicou acompanhá-los. Talvez por falta de preparo, talvez por falta de confiança em indicar um tratamento adequado que garanta o tratamento dos miomas sem a retirada do útero. Assim, muitas portadoras de miomas que tem sua qualidade de vida visivelmente alteradas acabam por retardar o tratamento dos miomas, perdendo muitas vezes o momento ideal de tratar os miomas com a preservação do útero e através de tratamentos menos invasivos.

Classicamente, os miomas que não causam sintomas não precisam de tratamento. No entanto, esmiuçar os sintomas é uma obrigação por parte dos ginecologistas. Isto porque mulheres que possuem poucos sintomas, tendem a negligenciá-los.

A adaptação a discretos aumentos do fluxo menstrual e das cólicas é muito comum. Utilizar absorventes maiores, trocá-los com mais frequência e aumento do uso de analgésicos durante a menstruação pode ser um indicativo. Pequenos aumentos da circunferência abdominal também não trazem desconfiança, pois muitas vezes é atribuído ao aumento de peso. Assim, como as idas mais frequentes ao banheiro para urinar também incomodam pouco, porque a tendência acaba sendo ingerir menos líquidos para evitar este sintoma, principalmente quando sabidamente ficará longos períodos na rua ou em viagens longas, onde o acesso aos sanitários é mais difícil. A dor durante as relações sexuais também pode surgir de maneira bem insidiosa, pois quase sempre melhora com a mudança da posição e poucas vezes é incapacitante. Além do mais, quando não perguntadas, muitas mulheres não comentam este sintoma com seu ginecologista, fazendo-o não prosseguir na investigação. E, a infertilidade causada pelos miomas. Bem, essa acaba sendo percebida somente quando a mulher efetivamente tenta engravidar. Ou seja, a dificuldade para engravidar pode perdurar por anos, até que seja diagnosticada. No entanto, com exames mais específicos não fica difícil diagnosticar os miomas que realmente causam infertilidade, mesmo os que não causam nenhum outro sintoma. Não raro, mulheres com infertilidade acabam diagnosticando os miomas como causa ao procurarem as clínicas de reprodução assistida para fazer uma fertilização in vitro ou uma inseminação artificial.

Ter certeza que o mioma não causa nenhum sintoma é o primeiro passo para pensarmos que não há a necessidade de tratá-lo. O segundo passo está no diagnóstico preciso do tamanho e da localização dos miomas, através principalmente de uma ressonância magnética. Em geral, miomas com tamanho superior a 5 centímetros causam sintomas. Mas mesmo quando não causam é prudente tratá-los, isto porque estes miomas dificilmente estabilizam neste tamanho e tendem a crescer continuamente, exceto na menopausa. E, num mioma deste tamanho, na maioria das vezes, é possível lançar mão de um tratamento minimamente invasivo, como a embolização dos miomas e a miomectomia por laparoscopia.

Uma vez decidido não tratar os miomas, estabelece-se como será o acompanhamento e o intervalo deste. Feito o diagnóstico preciso do tamanho, do número e da localização dos miomas, a estratégia inicial deve ser observar num intervalo curto de tempo (em até 6 meses) o comportamento dos miomas. Se a mulher já fizer uso de anticoncepcional podemos mantê-lo. Se não fizer uso, tendemos a não introduzi-lo, para justamente observar se há ou não o crescimento do mioma neste período sem qualquer interferência do hormônio exógeno.

No retorno, conduzir o acompanhamento com novos exames de imagem que tragam confiança nas medições do mioma. Se não houver crescimento, segue-se o acompanhamento, podendo ser a cada 6 meses ou até 1 ano. Se houver, investiga-se sobre o aparecimento de sintomas e pode-se tentar inicialmente trocar ou introduzir o uso do anticoncepcional na tentativa de frear o crescimento do mioma. Em crescimentos mais agudos, parte-se logo para um tratamento comprovadamente mais eficaz.

Contudo, o acompanhamento dos miomas não deve consistir em apenas pedir para a paciente retornar após algum tempo com uma simples ultrassonografia. Informar e orientar de maneira que ajude na estabilização do tamanho do mioma é uma obrigação. As orientações devem sempre pairar sobre dicas de alimentação, manutenção ou perda de peso, realização de atividades físicas e medicamentos ou suplementos alimentares que devem ser evitados, sempre com o intuito de evitar o crescimento dos miomas.

Imagem do corpo humano com o útero cor de rosa

Perder ou não o seu útero? Eis a questão

No ano de 2013, segundo levantamento realizado junto ao DATASUS, foram realizadas 105.093 histerectomias (cirurgia para retirada do útero) no Sistema Único de Saúde (SUS). Dessas, 96.917 são classificadas como histerectomias para patologias benignas, sendo a principal doença benigna os miomas uterinos. Também num levantamento junto ao DATASUS, em 2013, foram realizadas apenas 5.267 miomectomias (cirurgia para retirada somente dos miomas).

Analisando esses dados, a principal conclusão que tiramos é que, infelizmente, a grande indicação para tratamento dos miomas uterinos ainda é a retirada do útero.
Os defensores da histerectomia até podem argumentar que muitas dessas mulheres já possuíam a prole completa, ou seja, já tinham filhos e não desejavam ter mais. Mas o fato é que, independentemente do fato da mulher ter sua prole completa, será que foi perguntado a cada uma dessas 96.917 mulheres se elas queriam preservar o útero? Ou seja, quantas vezes o direito da mulher de querer preservar o seu útero numa doença benigna foi respeitado?

E mais, será que também foram oferecidas outras opções de tratamento que preservasse o útero? Será que essas outras opções estavam disponíveis? Se não estavam, por quê? Por que somente 5.267 mulheres tiveram seu útero preservado? O que fez o destino dessas ser diferente das demais? Será que foi somente o desejo delas em preservar o útero, talvez visando uma gravidez? Ou será que elas caíram nas mãos de serviços médicos de excelência com cirurgiões empenhados e capacitados em preservar seus úteros?

Bem, são perguntas para as quais devemos sempre buscar respostas. Principalmente, porque, cada vez mais, mulheres desejam preservar seu útero, mesmo que não tenham o desejo de gestar. Hoje, as mulheres sabem que estão diante de uma doença benigna e sabem também da existência de tratamentos que melhorem a qualidade de vida ao mesmo tempo que preservam o órgão. Mas, perder o seu útero, infelizmente, pode não ser uma questão apenas de opção da mulher. Está claro que, muitas vezes, é uma questão da falta de opção. Da falta de lhe oferecerem a opção. Da falta de terem a opção. Ou pior, da falta de saberem a opção.

Acredito que criando uma massa crítica de mulheres bem informadas acerca dos miomas uterinos e das alternativas de tratamento que preservem o útero, poderemos mudar a postura do profissional médico diante da mulher com mioma uterino e, quem sabe, aumentarmos o número de mulheres que têm seu útero preservado no tratamento dos miomas.

Mulher com cólicas abdominais

Como identificar um mioma?

Também conhecido como fibroma ou leiomioma uterino, um mioma é um desenvolvimento anômalo das células que ocorre a partir do tecido muscular liso do útero, configurando uma massa sólida. O mioma é um tumor benigno, que não apresenta vinculo direto com o risco aumentado de desenvolver um câncer no útero.

Muito discreto e silencioso, o mioma pode não causar nenhum tipo de sinal ou sintoma, considerando que aproximadamente 70% a 80% das mulheres que enfrentam esse tipo de problema não possuem indicadores de tal formação. Porém, alguns dos detalhes mais simples podem ser fatores que levem a identificar a presença de miomas no útero.

Para prestar atenção em seu organismo e entender sobre os sintomas que podem indicar miomas, confira um pouco mais sobre o assunto e descubra quando você deve ou não se preocupar com o problema, redobrando sua atenção sobre as sensações de seu organismo e o risco de encontrar transtornos maiores.

Quais são os sintomas mais comuns do mioma?

Para identificar a presença de miomas, os primeiros sintomas a serem levados em consideração são o sangramento menstrual excessivo, aumento das cólicas menstruais e a sensação de peso em baixo do ventre, que também pode desencadear um aumento de frequência urinária e o aumento do volume abdominal.
No sangramento vaginal abundante, que ocorre principalmente na época menstrual, o hiperfluxo trará a saída de coágulos, considerando que pode acontecer também fora da menstruação ou por períodos prolongados. Os problemas de peso no ventre derivam da compressão da bexiga e do intestino, pois com o crescimento dos miomas, os limites da pelve são extrapolados e o aumento do volume abdominal é uma consequência evidente.

A dor pélvica, por sua vez, pode acontecer também durante o ato sexual. A dor pode ocorrer na região lombar e irradiar para o baixo ventre. Essas dores pélvicas podem ser representadas por cólicas, pontadas ou queimação, e podem estar relacionados à própria menstruação excessiva.

O sangramento por períodos prolongados, chamado de metrorragia, pode levar a anemia se não for identificado e tratado com antecedência.

Quais os problemas que o mioma pode acarretar à fertilidade da mulher?

O surgimento de miomas pode causar não apenas uma dificuldade para engravidar como também problemas na manutenção da gravidez.

Os miomas submucosos são os mais prejudiciais: Localizados na cavidade uterina, eles podem atrapalhar o acesso de espermatozoides às trompas, impedindo, consequentemente, a chegada dos mesmos ao óvulo, dificultando a implantação de embriões na cavidade uterina e a consequente gestação.

Os miomas intramurais e transmurais também podem causar infertilidade, pois graças à sua localização e seu volume elevado, eles podem distorcer a cavidade uterina e acabar provocando uma compressão elevada sobre as trompas, dificultando de forma mecânica o encontro dos espermatozoides com óvulos e a implantação de embriões para garantir a gestação.

Os miomas intramurais e transmurais que levam a infertilidade são, em geral, maiores do que cinco centímetros de diâmetro.

Para minimizar os riscos, é essencial consultar um médico especialista e esclarecer suas duvidas sobre a possibilidade de engravidar frente aos problemas encontrados com miomas de qualquer tipo e tamanho em seu útero.

Mulher na mesa do escritório digitando no notebook

Dr. Michel Zelaquett fala sobre as principais dúvidas que chegam em seu consultório

No dia 9 de março/2015, foi realizada uma palestra on-line com o Dr. Miche Zelaquett, médico responsável e diretor do Centro de Mioma, onde ele pode explicar com um pouco mais de profundidade sobre as principais dúvidas que as pacientes levam até seu consultório. No fim da palestra houve uma interação onde foram respondidas algumas perguntas enviadas pelas pessoas que estavam assistindo.

Dentre os assuntos abordados estão:

  • Quando tratar os miomas?
  • Quando não tratar os miomas?
  • Qual o melhor tratamento para os miomas?
  • Tratamentos medicamentosos
  • Uxi amarelo e Unha de gato
  • Miomectomias
  • Embolização dos miomas
  • Retirada do útero. Quando?

Importante: Tivemos um problema com o som no início da palestra nos primeiros minutos. Você pode adiantar o vídeo para 8’30” (oito minutos e trinta segundos) quando o som já está corrigido.

Mulher com dúvida

Efetividade da cirurgia para miomas

Muitas mulheres acabam enfrentando, em alguma fase de suas vidas, algum tipo de problema relacionado aos miomas. Indetectáveis pelo olho humano, esses miomas, quando volumosos, podem distorcer o útero e não estão associados ao risco de câncer de útero, considerando que quase não se transformam em câncer. Como tumores benignos, os miomas surgem durante a idade fértil, afetando cerca de 50% das mulheres na faixa etária dos 30 aos 50 anos.
No tratamento de miomas, em casos específicos, o recomendado a ser feito é a realização de uma miomectomia, uma cirurgia responsável pela retirada de miomas e restabelecimento da anatomia normal do útero. Mesmo após uma cirurgia desse tipo, miomas uterinos ainda podem ser encontrados em ultrassonografias de rotina, mas sem apresentar quaisquer sintomas que possam colocar em risco a saúde da mulher.
Para entender mais sobre a importância da miomectomia e esclarecer algumas dúvidas sobre a efetividade da mesma em sua vida, saiba mais sobre o assunto, desvendando possíveis mistérios sobre a “volta de miomas”.

Os miomas voltam após uma miomectomia?

É difícil acreditar que uma cirurgia possa não ser efetiva no combate permanente de algum tipo de problema de saúde, portanto, entramos na mesma linha de raciocínio quando falamos da efetividade da miomectomia: Uma vez retirados numa cirurgia, os miomas não voltarão.
O aparecimento de novos miomas ou recidiva dos miomas pode surgir, entretanto, após o tratamento cirúrgico, considerando que somente 1/3 dessas mulheres nesse tipo de situação acaba tendo que contar com tratamentos adicionais para miomas.

Apenas 11% das mulheres que realizam cirurgias para retirada de mioma único precisam realizar novas cirurgias dentro de 10 anos. Às que retiram miomas múltiplos, a estatística de cirurgia subsequente sobe para 26%.

Quem tem menor risco de realização de nova miomectomia?

Às mulheres que já enfrentaram a cirurgia e estão com medo de enfrentar o problema de novo, o grupo de risco mais baixo está entre as que estiverem próximas de entrar na menopausa, pois nessa situação, não há tempo suficiente para que novos miomas apareçam entre sua última retirada e a entrada nesta fase. Ou seja, as mulheres acima de 40 anos que são submetidas a miomectomia uterina estão praticamente livres de enfrentarem o mesmo problema outra vez.
Outro grupo distante do surgimento de novos miomas após uma miomectomia é o de mulheres que engravidam após a cirurgia, pois estudos revelam que o parto é um bom fator na diminuição de risco de novos miomas.
Em contrapartida, o risco de novos miomas aumenta nos casos de mulheres que apresentam um grande número deles na primeira cirurgia, fator que sugere uma predisposição genética maior ao aparecimento de novos miomas.

29% das mulheres com miomas remanescentes sofreram falhas de remoção destes durante a cirurgia.

O uso de análogos do GnRH pode atrapalhar a efetividade da cirurgia?

Em algumas situações, sim, pois o uso destes análogos como pré-operatórios de miomectomias podem acabar diminuindo o volume dos miomas, dificultando sua retirada durante as cirurgias. Sendo assim, o uso dos análogos do GnRH está mais indicado em miomas únicos e em caso de anemia severa, refratária aos tratamentos convencionais, que impossibilita o tratamento cirúrgico.

Mulheres vintage lendo notícias

Miomas: nem tão inofensivos assim

Uma das questões que dever ser de grande preocupação das mulheres é sobre a sua saúde ginecológica. Especialmente as mulheres no período fértil, que devem redobrar a atenção, para que nada afete a sua fertilidade e sua possibilidade de engravidar.
Uma das afecções mais comuns que costumam surgir nas mulheres são os miomas. Vamos conhecer melhor sobre os miomas e seus tipos, para que não restem dúvidas sobre o assunto.

O que é um mioma?

Miomas são tumores que surgem no útero, principalmente durante a idade fértil. Não são associados a um risco aumentado de se desenvolver um câncer de útero, assim como também não se transformam em câncer.
Os miomas são tumores benignos que atingem cerca de 50% das mulheres entre 30 a 50 anos. Existem vários tipos de miomas, classificados de acordo com sua localização no útero, como veremos a seguir.

Tipos de miomas

De uma forma geral, existem 4 tipos de miomas: os intramurais, os submucosos, os subserosos e os pediculados.

  • Intramurais
    O primeiro tipo citado, os intramurais, são os que nascem e permanecem na parede do útero. Causam, em geral, sintomas quando aumentam de tamanho. Em alguns casos, podem crescer tanto ao ponto de causar sangramentos ou compressão de outros órgãos próximos, como bexiga, ureter e intestino.
    Outra complicação desse mioma é a provável distorção que pode ocorrer na cavidade uterina, levando a infertilidade. Quando esses miomas ocupam toda a extensão da parede do útero, são chamados de transmurais.
  • Submucosos
    Esse tipo de mioma surge na parede uterina mais próxima do endométrio, camada que reveste toda a cavidade uterina. Pode chegar a migrar, inclusive, para o interior da cavidade uterina.
    Esses miomas são os principais responsáveis pelos sangramentos vaginais e pelos quadros de infertilidade.
  • Subserosos
    Os miomas subserosos também surgem na parede uterina, contudo, ficam localizados mais próximos da parte externa do útero, denominada “serosa”. Esses miomas não costumam apresentar sintomas, exceto quando atingem grandes volumes, levando a aumento do volume abdominal e a compressão dos órgãos da região.
  • Pediculados
    Miomas pediculados são inicialmente miomas subserosos, mas que ao crescerem se projetam para fora do útero, formando uma espécie de pedículo, que os ligam como se fosse uma ponte, deixando-os pendurados pelo lado de fora do útero.
    Esse tipo de mioma não causa sangramentos, mas também crescem e geram desconforto e uma sensação de pesar em baixo do ventre.

Sintomas do mioma

Cerca de 70% das mulheres que possuem miomas não sentem sintomas. Como explicamos, o sintoma que mais pode ocorrer é o sangramento vaginal excessivo, principalmente durante a menstruação, mas que também pode ocorrer fora desse período.
Esses sangramentos podem ser danosos à saúde da mulher, pois podem levar a anemia por vezes severa.
Outro sintoma provável do mioma é a sensação de peso em baixo do ventre, além do aumento da frequência urinária e constipações intestinais, tudo devido a compressão dos órgãos que miomas volumosos podem causar.
Cólicas menstruais, dor durante o ato sexual, dores pélvicas e na região lombar também podem ser sintomas do mioma. Porém, esses sintomas também são comuns de outras doenças ginecológicas, por isso a importância de consultar um médico quando sentir que algo está errado.
Miomas podem levar a infertilidade, por isso devem ser uma preocupação para as mulheres, para que elas o tratem o quanto antes.

Tratamento de miomas

Não existe uma única solução para miomas uterinos, já que seus sintomas podem variar e às vezes estes podem ser imperceptíveis. Por isso, os tratamentos variam muito.
Os principais tratamentos sem a retirada do útero são: medicamentos hormonais e não hormonais, embolização dos miomas e as miomectomias, cirurgias para retirada somente dos miomas, podendo ser por histeroscopia, laparoscopia ou convencional (laparotomia).

Mulher grávida deitada na cama navegando na internet

Gravidez e Mioma: mais uma palestra esclarecedora do Dr. Michel Zelaquett

Dia 20 de Maio/15, O Centro de Mioma organizou mais uma palestra online gratuita com o Dr. Michel Zelaquett. O objetivo foi esclarecer as principais dúvidas das mulheres que sofrem ou sofreram de mioma e gostariam de engravidar.

Foram abordados os seguintes assuntos:

  • Quando os miomas interferem na fertilidade?

  • Tratamento dos miomas em mulheres que desejam gestar: riscos e benefícios

  • Riscos a gestação causados pelos miomas: Como levar uma gravidez adiante tendo miomas. Possibilidades, riscos e cuidados.

  • Ao fim de cada palestra, várias perguntas das participantes são respondidas pelo Dr. Michel Zelaquett.

Assista o vídeo:

Mulher segurando um bowl de saladas

A prevenção e tratamento de miomas também está no seu prato

Embora ainda não se conheça realmente a causa dos miomas uterinos, os médicos e pesquisadores já determinaram algumas dessas possíveis causas, podendo diferenciar-se, dependendo do organismo de cada mulher:

  • Anomalias nos vasos sanguíneos já foram certificadas como causas em algumas mulheres;
  • Causas hereditárias, como genes que provocam o crescimento das células musculares no útero a ritmos mais acelerados que o normal;
  • Interferência dos hormônios estrogênio e progesterona, que são fatores importantes também no tratamento da redução, podem ser outras causas para seu aparecimento.

Os médicos também observaram que os miomas são relacionados ao ciclo fértil, raramente surgindo antes da puberdade, podendo ter o seu crescimento acelerado na gravidez, o que leva a estudos mais aprofundados sobre os hormônios, embora conclusões ainda não tenham sido formadas.

Os níveis de hormônios podem ser uma causa do surgimento de miomas.

Ainda hoje alguns tratamentos acabam apresentando efeitos colaterais negativos, o que faz com que muitas mulheres procurem outras maneiras para diminuir os miomas. A histerectomia, por exemplo, é aplicada principalmente nos casos mais graves, mas deve ser vista apenas como último recurso, visto que implica na remoção do útero, impedindo a mulher de engravidar novamente.

Outros métodos vêm sendo aplicados, através de medicamentos e tratamentos nem tanto invasivos, e novas opções também tem surgido, através da experiência adquirida.

A alimentação como método preventivo aos miomas

Pesquisadores têm estudado a influência da alimentação no tratamento e prevenções dos miomas, assim como em de outras doenças, o que leva à conclusão de que uma dieta bem equilibrada para mulheres com mioma é eficaz não só na prevenção do aparecimento de novos miomas como também como auxiliar no tratamento.

E, entre os alimentos, os orgânicos tem se mostrado os mais eficazes, através das pesquisas feitas com mulheres que trocaram o alimento “normal” pelos orgânicos. O principal motivo para isso é que os alimentos orgânicos não possuem hormônios e/ou melhoradores de crescimento, sendo cultivados naturalmente, o que não acontece em plantações “industrializadas”, onde geralmente são usados pesticidas e adubos que possuem, em sua composição, esses hormônios.

Outro estudo, realizado com mais de mil mulheres com idade entre 35 e 50 anos, que foram acompanhadas de 1966 a 1999, mostrou que a vitamina D é um ingrediente importante para evitar o surgimento de miomas. A vitamina D, como sabemos, só pode ser sintetizada em nosso organismo através de outros nutrientes e utilizando a luz solar. Tomar sol e ingerir alimentos e suplementos ricos em vitamina D é a melhor maneira de ter bons níveis de vitamina D no corpo.

Como sabemos a importância que a alimentação tem para nossa saúde em geral e como pode influenciar no surgimento ou não de algumas doenças, é importante manter uma alimentação saudável e balanceada. Simples medidas podem prevenir o surgimento de doenças como o mioma uterino. Então, vamos começar hoje a cuidar da alimentação?

Mulher assustada olhando para o notebook

“1 em cada 5 histerectomias são desnecessárias” – afirma estudo

Nos Estados Unidos, a histerectomia é a segunda cirurgia mais realizada entre as mulheres, estando atrás apenas da cesariana. Cerca de 1 em 3 mulheres será submetida a histerectomia até os 60 anos de idade. Mas, segundo um novo estudo, 1 em cada 5 mulheres nos Estados Unidos pode ter sido submetida a retirada do útero desnecessariamente. Miomas uterinos, sangramento uterino anormal e endometriose são cerca de 68% das cirurgias para retirada do útero por doenças benignas. Apesar das taxas de histerectomia terem tido uma redução de 36,4% entre 2003 e 2010, ainda são realizadas anualmente mais de 400.000 histerectomias nos EUA.

No entanto, as adequações das indicações da histerectomia é uma preocupação cada vez maior no meio médico. Tanto que “guidelines” (diretrizes) do American College of Obstetricians and Gynecologists afirmam que os ginecologistas devem recomendar as pacientes com doenças benignas do útero tratamentos alternativos antes de serem submetidas a uma histerectomia.

O estudo publicado no American Journal of Obstetrics and Gynecology pelo Dr. Morgan e colaboradores analisou justamente o uso de tais tratamentos alternativos para mulheres com condições uterinas benignas e se a patologia diagnosticada após a histerectomia justificava o tratamento cirúrgico para retirada do útero.

Ao longo de 10 meses no ano de 2013, os pesquisadores analisaram os prontuários médicos de 3.397 mulheres de 52 hospitais de Michigan que se submeteram a uma histerectomia para doença ginecológica benigna, incluindo miomas uterinos, endometriose, sangramento uterino anormal e dor pélvica.

“Neste estudo foi observado que em quase 40% das mulheres não foram oferecidos tratamentos alternativos antes da histerectomia.”

Além disso, em quase 20% das mulheres, os achados patológicos pós-operatórios não sustentaram a indicação da retirada do útero, indicando que a cirurgia foi totalmente desnecessária.
Menos de 30% das mulheres sofreram algum tratamento antes da histerectomia. E, as mulheres com menos de 40 anos de idade eram mais propensas a receberem um tratamento alternativo.

As mulheres com até 40 anos também foram mais propensas e terem uma histerectomia desnecessária. A retirada do útero foi desnecessária em 37,8% das mulheres com menos de 40 anos, em comparação com 12% das mulheres com idade entre 40 e 50 anos e 7,5% das mulheres acima dos 50 anos de idade.

Os achados deste estudo fornecem evidências de que as alternativas de tratamento que poderiam evitar uma histerectomia em patologias benignas, como os miomas uterinos, são definitivamente subutilizadas. E, justamente as mulheres em período fértil são as que mais sofrem por terem tido seu útero retirado desnecessariamente.

Então, para reverter estes dados cabe a nós médicos a devida capacitação para oferecermos as nossas pacientes todas as alternativas de tratamento SEM a retirada do útero sempre que possível. E cabe a vocês, pacientes, se informarem e exigirem dos seus médicos estes tratamentos, quando cabíveis ao seu caso.

Referência: Use of other treatments before hysterectomy for benign conditions in a statewide hospital collaborative, Daniel Morgan, et al., A J Obstet Gynecol, DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.ajog.2014.11.031, published online 23 December 2014, abstract

Mioma pode causar infertilidade?

Mioma pode causar infertilidade?

Apesar de em sua grande maioria os miomas não afetarem potencialmente a capacidade reprodutiva feminina em alguns casos podem interferir de forma bastante agressiva na gravidez provocando a diminuição da fertilidade das mulheres em até 70%.

Quando houver o diagnóstico confirmado de infertilidade causado por miomatose, deve-se procurar escolher de forma sábia o tratamento mais adequado, sem que o tratamento agrave ainda mais esse problema.
O ideal é que a paciente possa contar com um atendimento atencioso e um tratamento humanizado por parte de especialistas capacitados e habituados ao tratamento dos miomas.

Em que quadros os miomas causam infertilidade?

Esse fator depende diretamente do tipo de mioma e onde ele se localiza no corpo do útero. Existem 3 tipos mais comuns de fibroma ou fibromioma (miomas) que afetam as mulheres nas mais diversas faixas etárias e de forma mais comum durante a fase reprodutiva feminina.São classificados quanto à localização: mioma subseroso; mioma intramural; mioma submucoso.

Destes miomas derivam-se outros miomas:

  • Mioma pediculado: é um mioma subseroso ligado ao útero por uma haste, um pedículo.
  • Mioma intraligamentar: Desenvolve-se nos ligamentos que conectam o útero a pelve.
  • Mioma em parturição: situado no canal cervical ou até mesmo no canal vaginal.

Em um estudo recente realizado pelo departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Universidade de Auckland na Nova Zelândia em 22 casos de miomatose, constatou-se que as mulheres com miomas subserosos não apresentaram quadro de infertilidade.
No entanto, as mulheres com miomas submucosos (com ou sem miomas intramurais) e miomas intramurais apresentaram diminuição da fertilidade e até mesmo a perda total da capacidade de concluir uma gravidez com êxito.

Os quadros em que o mioma pode causar infertilidade são:

Quando ocorre a presença de miomas intramurais que dada à sua localização na parede uterina distorcem a cavidade do útero e causam a infertilidade. Em alguns casos esses miomas localizam-se bem próximos da implantação placentária, aumentando o risco de descolamento de placenta na gravidez.

Na ocorrência de miomas submucosos que podem ocupar a cavidade uterina, lugar onde o feto se desenvolve, causando abortos de repetição e partos prematuros.

Na ocorrência de miomas submucosos que se desenvolvem nas proximidades do orifício tubário, causando obstrução do mesmo, impedindo a chegada dos espermatozoides às trompas, onde acontece a fecundação do óvulo.

Mioma intraligamentar localizado próximos as trompas, causando obstrução das mesmas.

Mioma em Parturição, também chamado de mioma parido, trata-se de um mioma originalmente submucoso, levando a dificuldade de engravidar ou até mesmo de manter uma gravidez.

Como este quadro pode ser diagnosticado?

  • Fluxo menstrual excessivo;
  • Dores intensas na região pélvica, tipo cólicas ou tipo peso em baixo ventre;
  • Aumento do volume abdominal;
  • Aumento da frequência urinária;
  • Dores durante o ato sexual;
  • Dificuldades para engravidar.