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Mulher na mesa do escritório digitando no notebook

Dr. Michel Zelaquett fala sobre as principais dúvidas que chegam em seu consultório

No dia 9 de março/2015, foi realizada uma palestra on-line com o Dr. Miche Zelaquett, médico responsável e diretor do Centro de Mioma, onde ele pode explicar com um pouco mais de profundidade sobre as principais dúvidas que as pacientes levam até seu consultório. No fim da palestra houve uma interação onde foram respondidas algumas perguntas enviadas pelas pessoas que estavam assistindo.

Dentre os assuntos abordados estão:

  • Quando tratar os miomas?
  • Quando não tratar os miomas?
  • Qual o melhor tratamento para os miomas?
  • Tratamentos medicamentosos
  • Uxi amarelo e Unha de gato
  • Miomectomias
  • Embolização dos miomas
  • Retirada do útero. Quando?

Importante: Tivemos um problema com o som no início da palestra nos primeiros minutos. Você pode adiantar o vídeo para 8’30” (oito minutos e trinta segundos) quando o som já está corrigido.

Mulher com dúvida

Efetividade da cirurgia para miomas

Muitas mulheres acabam enfrentando, em alguma fase de suas vidas, algum tipo de problema relacionado aos miomas. Indetectáveis pelo olho humano, esses miomas, quando volumosos, podem distorcer o útero e não estão associados ao risco de câncer de útero, considerando que quase não se transformam em câncer. Como tumores benignos, os miomas surgem durante a idade fértil, afetando cerca de 50% das mulheres na faixa etária dos 30 aos 50 anos.
No tratamento de miomas, em casos específicos, o recomendado a ser feito é a realização de uma miomectomia, uma cirurgia responsável pela retirada de miomas e restabelecimento da anatomia normal do útero. Mesmo após uma cirurgia desse tipo, miomas uterinos ainda podem ser encontrados em ultrassonografias de rotina, mas sem apresentar quaisquer sintomas que possam colocar em risco a saúde da mulher.
Para entender mais sobre a importância da miomectomia e esclarecer algumas dúvidas sobre a efetividade da mesma em sua vida, saiba mais sobre o assunto, desvendando possíveis mistérios sobre a “volta de miomas”.

Os miomas voltam após uma miomectomia?

É difícil acreditar que uma cirurgia possa não ser efetiva no combate permanente de algum tipo de problema de saúde, portanto, entramos na mesma linha de raciocínio quando falamos da efetividade da miomectomia: Uma vez retirados numa cirurgia, os miomas não voltarão.
O aparecimento de novos miomas ou recidiva dos miomas pode surgir, entretanto, após o tratamento cirúrgico, considerando que somente 1/3 dessas mulheres nesse tipo de situação acaba tendo que contar com tratamentos adicionais para miomas.

Apenas 11% das mulheres que realizam cirurgias para retirada de mioma único precisam realizar novas cirurgias dentro de 10 anos. Às que retiram miomas múltiplos, a estatística de cirurgia subsequente sobe para 26%.

Quem tem menor risco de realização de nova miomectomia?

Às mulheres que já enfrentaram a cirurgia e estão com medo de enfrentar o problema de novo, o grupo de risco mais baixo está entre as que estiverem próximas de entrar na menopausa, pois nessa situação, não há tempo suficiente para que novos miomas apareçam entre sua última retirada e a entrada nesta fase. Ou seja, as mulheres acima de 40 anos que são submetidas a miomectomia uterina estão praticamente livres de enfrentarem o mesmo problema outra vez.
Outro grupo distante do surgimento de novos miomas após uma miomectomia é o de mulheres que engravidam após a cirurgia, pois estudos revelam que o parto é um bom fator na diminuição de risco de novos miomas.
Em contrapartida, o risco de novos miomas aumenta nos casos de mulheres que apresentam um grande número deles na primeira cirurgia, fator que sugere uma predisposição genética maior ao aparecimento de novos miomas.

29% das mulheres com miomas remanescentes sofreram falhas de remoção destes durante a cirurgia.

O uso de análogos do GnRH pode atrapalhar a efetividade da cirurgia?

Em algumas situações, sim, pois o uso destes análogos como pré-operatórios de miomectomias podem acabar diminuindo o volume dos miomas, dificultando sua retirada durante as cirurgias. Sendo assim, o uso dos análogos do GnRH está mais indicado em miomas únicos e em caso de anemia severa, refratária aos tratamentos convencionais, que impossibilita o tratamento cirúrgico.

Mulheres vintage lendo notícias

Miomas: nem tão inofensivos assim

Uma das questões que dever ser de grande preocupação das mulheres é sobre a sua saúde ginecológica. Especialmente as mulheres no período fértil, que devem redobrar a atenção, para que nada afete a sua fertilidade e sua possibilidade de engravidar.
Uma das afecções mais comuns que costumam surgir nas mulheres são os miomas. Vamos conhecer melhor sobre os miomas e seus tipos, para que não restem dúvidas sobre o assunto.

O que é um mioma?

Miomas são tumores que surgem no útero, principalmente durante a idade fértil. Não são associados a um risco aumentado de se desenvolver um câncer de útero, assim como também não se transformam em câncer.
Os miomas são tumores benignos que atingem cerca de 50% das mulheres entre 30 a 50 anos. Existem vários tipos de miomas, classificados de acordo com sua localização no útero, como veremos a seguir.

Tipos de miomas

De uma forma geral, existem 4 tipos de miomas: os intramurais, os submucosos, os subserosos e os pediculados.

  • Intramurais
    O primeiro tipo citado, os intramurais, são os que nascem e permanecem na parede do útero. Causam, em geral, sintomas quando aumentam de tamanho. Em alguns casos, podem crescer tanto ao ponto de causar sangramentos ou compressão de outros órgãos próximos, como bexiga, ureter e intestino.
    Outra complicação desse mioma é a provável distorção que pode ocorrer na cavidade uterina, levando a infertilidade. Quando esses miomas ocupam toda a extensão da parede do útero, são chamados de transmurais.
  • Submucosos
    Esse tipo de mioma surge na parede uterina mais próxima do endométrio, camada que reveste toda a cavidade uterina. Pode chegar a migrar, inclusive, para o interior da cavidade uterina.
    Esses miomas são os principais responsáveis pelos sangramentos vaginais e pelos quadros de infertilidade.
  • Subserosos
    Os miomas subserosos também surgem na parede uterina, contudo, ficam localizados mais próximos da parte externa do útero, denominada “serosa”. Esses miomas não costumam apresentar sintomas, exceto quando atingem grandes volumes, levando a aumento do volume abdominal e a compressão dos órgãos da região.
  • Pediculados
    Miomas pediculados são inicialmente miomas subserosos, mas que ao crescerem se projetam para fora do útero, formando uma espécie de pedículo, que os ligam como se fosse uma ponte, deixando-os pendurados pelo lado de fora do útero.
    Esse tipo de mioma não causa sangramentos, mas também crescem e geram desconforto e uma sensação de pesar em baixo do ventre.

Sintomas do mioma

Cerca de 70% das mulheres que possuem miomas não sentem sintomas. Como explicamos, o sintoma que mais pode ocorrer é o sangramento vaginal excessivo, principalmente durante a menstruação, mas que também pode ocorrer fora desse período.
Esses sangramentos podem ser danosos à saúde da mulher, pois podem levar a anemia por vezes severa.
Outro sintoma provável do mioma é a sensação de peso em baixo do ventre, além do aumento da frequência urinária e constipações intestinais, tudo devido a compressão dos órgãos que miomas volumosos podem causar.
Cólicas menstruais, dor durante o ato sexual, dores pélvicas e na região lombar também podem ser sintomas do mioma. Porém, esses sintomas também são comuns de outras doenças ginecológicas, por isso a importância de consultar um médico quando sentir que algo está errado.
Miomas podem levar a infertilidade, por isso devem ser uma preocupação para as mulheres, para que elas o tratem o quanto antes.

Tratamento de miomas

Não existe uma única solução para miomas uterinos, já que seus sintomas podem variar e às vezes estes podem ser imperceptíveis. Por isso, os tratamentos variam muito.
Os principais tratamentos sem a retirada do útero são: medicamentos hormonais e não hormonais, embolização dos miomas e as miomectomias, cirurgias para retirada somente dos miomas, podendo ser por histeroscopia, laparoscopia ou convencional (laparotomia).

Qual o melhor tratamento para os miomas SEM a retirada do útero?

“Esta pergunta não é incomum. Certamente muitas mulheres já se perguntaram. E, certamente, muitas já perguntaram para seu médico. Na verdade, a resposta certa, apesar de óbvia, poucas vezes é respondida com clareza. Não há tratamento para os miomas uterinos SEM a retirada do útero que seja melhor do que os outros.” Dr. Michel Zelaquett

Aí vem outras perguntas:

E os tão divulgados tratamentos minimamente invasivos, como a embolização dos miomas?
Os novos tratamentos, como o ExAblate, são confiáveis?

E os tratamentos tradicionais, como a miomectomia, ainda são bons?

Todos os tratamentos são bons, seguros, confiáveis e, na grande maioria das vezes, cumprem o principal objetivo: a preservação uterina.
No entanto, a escolha do melhor tratamento depende de 3 fatores principais, são eles:

  1. Os sintomas da paciente.
  2. Os tipos de miomas que a paciente apresenta.
  3. O perfil da paciente.

Para entendermos melhor esta segmentação vejamos abaixo:

O tratamento a ser escolhido deve estar direcionado a melhora dos sintomas que a mulher com mioma apresenta. Ou seja, se é sangramento uterino anormal, o tratamento tem que melhorá-lo. Se é aumento do volume abdominal, o tratamento deve reduzi-lo. Se for aumento da frequência urinária por compressão da bexiga, este sintoma deve ser tratado. E, também, se o sintoma for infertilidade, o tratamento deve estar direcionado a melhora da fertilidade da mulher. Portanto, a escolha do tratamento deve estar condicionada a melhora dos sintomas apresentados, objetivando a melhora da qualidade de vida desta mulher.

Os tipos de miomas apresentados também vão influenciar diretamente na escolha do melhor tratamento. Os tipos de miomas, como apresentado em postagem anterior, podem variar de acordo com a localização, o tamanho, o número de miomas e, principalmente, o componente (conteúdo) do mioma. Um exemplo quanto a localização são os miomas pediculados, que não devem ser tratados pela embolização ou pelo ExAblate, sob o risco de se desprenderem do útero. Outro exemplo de localização são os miomas submucosos (na camada mais interna do útero), quase sempre o melhor tratamento é a miomectomia por videohisteroscopia. Mas se este mioma submucoso for muito grande, em geral acima de 4 centímetros de diâmetro, a miomectomia por videohisteroscopia pode não ser o melhor tratamento. Então, pode ser necessário um tratamento para reduzi-lo antes de retirá-lo. Miomas extremamente grandes (em geral acima de 14 centímetros) podem não ter como uma boa opção os tratamentos para redução do volume, como a embolização ou o ExAblate, visto que estes miomas podem permanecer ainda grandes. Múltiplos miomas (em número acima de 4) podem não ter como boa opção de tratamento o ExAblate ou a miomectomia por videolaparoscopia. Quanto ao conteúdo, miomas não vascularizados ou degenerados não servem para o tratamento através da embolização ou do ExAblate. Miomas muito hidratados também não são bons para o ExAblate. Por estes motivos, a propedêutica de investigação para o tratamento conservador dos miomas uterinos deve passar obrigatoriamente pela ressonância magnética de pelve com contraste. Só a ressonância, diferentemente da ultrassonografia, pode fornecer com certa confiabilidade os dados quanto ao número de miomas, localização e tamanho dos principais miomas e o conteúdo destes miomas, referente a vascularização, celularidade e hidratação do mioma.

Agora a mais importante variável nesta equação que é a escolha do melhor tratamento para os miomas uterinos SEM a retirada do útero. O PERFIL da paciente. Este perfil deve ser definido de maneira única, individual e personalizada. Ou seja, o perfil de uma paciente com miomas é único. Somos pessoas únicas inseridas em um contexto. Cabe a nós médicos investigarmos o contexto em que vocês pacientes estão inseridas. Este contexto é formado por vários fatores como idade, estado civil, renda familiar, prole, desejo de engravidar, trabalho, tipo de trabalho, atividade física etc. Saber deste contexto significa dimensionar o tratamento de acordo com seus desejos e aspirações e de acordo com a importância que você exerce na sua vida familiar, no seu ambiente de trabalho enfim, na sociedade. Então, definitivamente, não devemos tratar uma parte de uma pessoa e sim um indivíduo como um todo inserido na coletividade (sociedade).

Finalmente…para nossa pergunta:

Qual o melhor tratamento para os miomas SEM a retirada do útero?

A resposta:
Depende, do seu médico analisar de maneira criteriosa seus sintomas, os tipos de seus miomas e o seu perfil. Além disso, depende também dele ter disponível todas as opções de tratamento dos miomas uterinos SEM a retirada do útero, para, dentre todas opções, poder escolher o melhor tratamento para o SEU caso.