O tratamento cirúrgico minimamente invasivo para os miomas uterinos também trouxe uma nova perspectiva para a ginecologia moderna. Com a histeroscopia, a laparoscopia e a robótica enormes vantagens surgiram para as mulheres, como tempo reduzido de internação hospitalar, recuperação pós-operatória mais rápida, retorno às atividades de trabalho mais precocemente e diminuição da dor pós-operatória. Mas, por estes procedimentos terem indicações relativamente precisas, uma questão ainda paira no ar: O que fazer com os casos que não se encaixam nestas indicações ou, até mesmo, em indicações de outros procedimentos como a embolização dos miomas?
Para isso, a miomectomia por laparotomia precisou ser reinventada. Com variações no mesmo tema, a miomectomia convencional também se tornou menos invasiva, com incisões cada vez menores, passou a ser utilizado a energia do laser para incisões uterinas, há uma menor manipulação dos órgãos abdominais e as técnicas anestésicas se tornaram mais seguras e modernas, melhorando os resultados e tornando a recuperação pós-operatória mais rápida.
Além disso, a miomectomia por laparotomia também evoluiu no quesito segurança. O exame de ressonância magnética é hoje a principal ferramenta pré-operatória para qualquer miomectomia. Com ela é possível mapear o útero, saber a localização e o tamanho dos principais miomas e sua relação com as trompas, os ovários e outros órgãos vizinhos, como bexiga e intestino. Assim, traçamos uma estratégia de abordagem aos miomas, reduzindo drasticamente o risco da retirada do útero durante a miomectomia. E, para minimizar ainda mais este risco, também podemos lançar mão da oclusão das artérias uterinas, diminuindo a perda sanguínea durante o procedimento, além de proporcionar uma menor taxa de recidiva dos miomas uterinos após a miomectomia. Por fim, umas das etapas mais importantes desta técnica, a reconstrução uterina. Por vezes o útero pode estar bastante danificado em sua estrutura por conta dos miomas. Em pacientes que desejam engravidar, a estrutura da matriz uterina é de suma importância, tanto para obtenção quanto para manutenção da gravidez. Portanto, após a retirada dos miomas, a reconstrução da parede uterina deve ser feita cuidadosamente, quase que de maneira artesanal, utilizando fios cirúrgicos de última geração e seguindo criteriosamente os princípios cirúrgicos de sutura do tecido uterino por planos anatômicos.
Não poupar esforços para melhorar e, quem sabe, reinventar um procedimento já consagrado pela medicina há décadas nos traz mais esperança na luta contra os miomas. Sabemos que novos tratamentos sempre surgirão e serão benvindos, pois aumentar o nosso arsenal contra os miomas é necessário. Mas também devemos saber que, abandonar técnicas antigas nem sempre é o melhor caminho. A história já nos provou que aliar o conhecimento antigo aos avanços da tecnologia parece uma solução, na maioria das vezes, bastante promissora.